MECÂNICA II - 2012

“O que pode ser mostrado não pode ser dito.”

Ludwig Wittgenstein
 

Decidimos recolher partes de máquinas em sucatas de grande dimensão.
 

A primeira coisa com que nos deparámos foi com espaços amplos repletos de objectos considerados obsoletos. Nesses lugares os objectos chegam para ser seleccionados: uns para transformar de novo em matérias-primas, outros eternamente obsoletos. Comprámos ao longo de uma semana uma tonelada de sucata. Achámos que alguns destes objectos nos iriam dar imenso jeito. No armazém em que depois trabalhámos repetimos este processo de dizer, experimentando, o que é e o que não é obsoleto.
 

Quantos pontos de acção se pode ter sobre a mesma coisa independentemente da função para a qual ela foi desenhada, fabricada e construída? A exploração das capacidades físicas dos objectos, das suas capacidades reais enquanto matéria. Não partimos da ideia de que uma máquina se pode apenas mover de um determinado modo. Entendemos uma ideia como uma armadilha e não como um objectivo. A armadilha é o meio pelo qual conseguimos ouvir o que as coisas nos dizem. Compreender: impulso, direcção, peso, velocidade, duração. O facto de passarmos a conhecer bem uma coisa não significa que a possamos dominar ou que possamos retirar dela uma quantidade de regras.
 

Em MECÂNICA II as relações entre causa e efeito nem sempre são lineares e o percurso das acções nem sempre é construído através do sucesso e da eficácia. Mais que uma demonstração de eventos em sequência, faz-se um percurso sobre o equilíbrio e o movimento.